2006/11/29

Nicolinas


Confesso! Nunca fui grande fã das Nicolinas. Por causa do barulho, que me incomoda, por causa dos excessos de adoração a Baco... Mas sempre gostei do historial que está por detrás da festa.

Mas não sei se é da distância, este ano estou com uma certa nostalgia e apetecia-me ouvir os tambores, cada vez mais desafinados com o passar das horas, o movimento caótico que me dificulta a ida para casa no centro da cidade, o ar de sono e satisfação das pessoas amanhã de manhã...

Há coisas, e são tantas, cujo valor só descobrimos com a sua ausência de fruicção.

Angola 6 - A segurança

Lobito não é inseguro, muito pelo contrário. Apesar de em Luanda haver um clima de insegurança com muitos assaltos à mão armada, tal deve-se ao facto de se concentrar na capital muito mais população do que aquela que comportaria em situação normal. Segundo me disseram, porque parece que não há censos actualizados, são cerca de 5 milhões de habitantes na área da grande Luanda, sendo que a cidade foi pensada e preparada para apenas 750 mil...

O Lobito, apesar de ter bastante mais de 100 mil habitantes e estando inserido num eixo viário onde talvez triplique essa população (Lobito-Catumbela-Benguela) consegue ser uma cidade perfeitamente normal, onde se anda quer de dia, quer de noite, em quase total segurança. Andar de carro de vidro aberto e porta destrancada é coisa normal no Lobito - no Porto ou em Lisboa já não é!

Podemos andar de telemovel e relógio na rua, sem "makas" (problemas) e o pior que tem são as crianças (e as menos crianças...) a pedincharem junto aos cafés e restaurantes 10 ou 50 Kwanzas... E os lavadores, que aqui não há arrumadores, que a partir de 200 Kwanzas nos lavam a viatura cada vez que a paramos num local público... se preciso for, várias vezes ao dia, basta que tenha um pouco de pó!

Este é um dos motivos porque gosto do Lobito.

2006/11/27

Só podes ser um arquitecto!



Dilbert: Como de costume, trabalhei até à meia-noite ontem à noite, mãe.
Mãe: Pelo menos, ganhaste algum dinheiro extra.
Dilbert: Eu não recebo horas-extras.
Mãe: Pelo menos, era um trabalho importante.
Dilbert: Não exactamente.
Dilbert: O meu patrão fez-me mudar a apresentação toda, mas isso piorou-a.
Mãe: Bem, pelo menos estás preparado para a reunião.
Dilbert: Foi cancelada.
Dilbert: Mas não tem mal porque o projecto não tinha fundos, de qualquer das maneiras.
Mãe: Então trabalhaste de graça para piorar a apresentação numa reunião que não aconteceu de um projecto que não existe?
Dilbert: Yup!
Mãe: Oh... Só podes ser um arquitecto!

2006/11/26

Hoje não há praia...

...porque há chuva, mas pelo menos está calor! Enfim, um dia caseirinho na net, a ver futebol na TV e a ler mais um pouco do "Equador", cujo primeiro capítulo me agradou sobremaneira.

Mas, de facto, preferia estar a ler na praia...

2006/11/25

Faltam 3 semanas...

...e a esta hora devo estar já em Portugal. Confesso que estou com saudades. Não do país, que continua tão ou mais miserável pelo que vejo nos noticiários, mas de algumas pessoas que aí ficaram. E do cinema. De ir ao cinema, ao NorteShopping à loja da FNAC...

De resto, gosto de aqui estar, gosto do clima, das pessoas e da comida. E da praia. Faz-me falta a "civilização" como nós, europeus, a entendemos. Acho que se estivesse na América ou na Ásia a trabalhar iria ter esta mesma sensação. Há coisas que só na nossa casa, na nossa terra, conseguimos encontrar...

E está quase, já cheira a Natal...

2006/11/24

Eu no Alto-Catumbela


Eu, fotografado pelo Jorge sem reparar, no Alto-Catumbela, já no interior de Angola, a cerca de 230Km de Lobito, no planalto central (próximo do Huambo) onde vamos ter uma obra no próximo ano.

2006/11/23

Solidão não é estar só

Solidão não é estar só,
É estar sem ninguém,
É não ter quem desejar
E sentir cair o pó
Por não poder ir mais além
Nem ter por quem almejar.

Só não estou então,
Pois alguém tenho eu
Que me ilumina o dia,
Que me afasta da solidão
E ter um pensamento meu
Nesta minha companhia.

Companhia, companheira,
Meia laranja, parceira,
Partilhas a distância
Mas também a ausência.
E sabemos nós,
Graças ao amor, não estamos sós!

2006/11/22

Angola 5 - O clima

O clima aqui em Angola, ou pelo menos no Lobito, é, no mínimo, estranho! Apesar de ter estado sempre calor desde que cheguei (a temperatura mais baixa que me recordo foram 18ºC à noite logo nos primeiros dias que cheguei, em finais de Agosto e principios de Setembro) mesmo assim, às vezes, tem-se frio! E pior que nós, "expatriados", são os "nacionais": a esses já os vi de cachecol, gorro, "kispo" ou sobretudo! De inverno...

Por norma está sol, apesar de até final de Outubro haver uma quase permanente neblina ou nuvens altas que davam um ar meio cinzento aos dias. Agora, em Novembro, o tempo tem estado cada vez melhor - de dia! Porque as noites têm sido verdadeiros temporais com chuvas "diluvianas" e até trovoadas à mistura.

A humidade é que sempre elevada e pelo que me contam, em Janeiro e Fevereiro é que as coisas vão ser mesmo quentes e húmidas! Mas por mim, antes isso que o nosso inverno frio e húmido e molhado! Apesar de estranhar ainda um pouco isto tudo, gosto muito mais deste clima angolano do que do nosso frio e molhado e seco clima de Portugal!

Ah! E o meu FC Porto, ontem, na Rússia, com amor... pelos seus torcedores de todo o mundo! Grande jogo, grande vitória! Grande FC Porto!

2006/11/21

E o FC Porto?

Já está a ganhar... Quaresma, logo aos 2'' marcou! Este é o primeiro jogo do FC Porto que vejo aqui em casa e é, por isso, até ao momento, uma estreia positiva!

Puuuuuoooooorto!

2006/11/19

Angola 4 - Prato do dia: Cozido à Portuguesa!

Hoje, domingo, aqui em Angola há um prato tradicional: o nosso cozido! E normalmente, bem confeccionado, com os ingredientes todos, desde a vitela, o porco e a galinha passando pelos enchidos e verduras que rematam o prato.

E depois de nos enchermos com este peso pesado da nossa culinária, como hoje está bom tempo, vamos para a praia "ruminar" até ao por-do-sol lá pelas 17h30/18h00.

E amanhã começa mais uma semana longa de trabalho... e faltam 4 semanas destas para o meu regresso a Portugal!

2006/11/18

Mais uma tarde de sábado na praia!

É, de longe, o melhor que tem esta vida no Lobito! A praia, em meados de Novembro, está cada vez melhor. Com o aproximar do pico do verão, que aqui se dá em Janeiro/Fevereiro, o tempo tem de facto vindo a melhorar (e não é que se possa falar de mau tempo verdadeiramente...) e ainda hoje de tarde pude estar mais 3 horitas na praia do Terminus incluindo banhoca no mar e tudo!

Aliás, para quem quiser ver, fica aqui uma imagem e o link no Google para poder ver melhor o pequeno "paraíso" onde vim ter.



De resto, a vida não é fácil, pois trabalha-se mais horas que em Portugal - temos de entrar antes e sair depois dos "nacionais" para que o trabalho decorra com normalidade... - e tenho um horário de 10 horas diárias e ainda mais 5 horas ao sábado, pelo que apesar do ritmo ser mais calmo e brando que em Portugal, acabo sempre a semana bastante cansado e estes bocados de descanso na praia ou a comer umas lagostas (compramos 20Kg por 100000 Kwanzas, isto é, 100 euros, e ainda nos ofereceram 4 Kg extra de lagosta!) ou uns caranguejos são, portanto, o melhor que tem esta vida!

As pessoas têm sido muito simpáticas e ao contrário de Luanda, onde o sentimento de insegurança é latente, aqui no Lobito podemos sair à rua com tranquilidade e sem "makas" (como eles chamam aqui aos problemas!) e passear, quer de dia quer de noite.

Estou perfeitamente "engajado" (integrado!) no Lobito e julgo que apesar da distancia de quem gosto ser grande, conseguirei passar aqui o tempo da obra (que se prevê de cerca de 2 anos) sem problemas de maior.

E entretanto, pode ser que a construção em Portugal comece a recuperar um pouco que tal como ela está neste momento é dificil trabalhar por aí.

2006/11/15

Falta 1 mês...

...para o regresso do "expatriado" a casa para 3 semanitas de férias de Natal. Nada mau...

Pois é, dia 15 de Dezembro saio de Lobito em direcção a Luanda, onde pernoitarei. E talvez me consiga encontrar com o meu antigo vizinho Valter, com quem não estou há 18 anos! Já falei com ele pelo telefone e tenho muita vontade de o (re)ver, matar saudades dos nossos tempos de infancia, dos campeonatos de caricas, dos jogos de bola nas escadas, das asneiras que faziamos!

Depois, no dia seguinte, 16 de Dezembro, se tudo decorrer com a normalidade que esperamos, deverei partir de mãnha de Luanda directamente para o Porto, onde chegarei de tarde. O regresso a Angola deverá ser apenas no dia 5 ou 6 de Janeiro...

Faltam, por isso, 31 dias, um mês inteiro ainda, para regressar à "santa terrinha"!

Para rever a "sobrinha" Truta no já tradicional jantar de Natal na casa dela, conhecer os novos "sobrinhos" José Manuel (filho do André e Susana) e Miguel (filho do Gabriel), reencontrar os amigos do PSD, da JSD, do Forum Vimaranis e da Ascrev, comer as nossas comidinhas que tanto gosto, ver muitos, muitos, muitos filmes!

E estar com quem mais gosto... Pais, Sara e Daisy!

Está quase... 31 dias, passam depressa; como se passaram estes dois meses mais de meio que já cá estou!

2006/11/08

Imagens [12] - Angola

Mais algumas fotos de Angola, da viagem que fiz ao Alto-Catumbela no principio de Outubro, cerca de 400Km para o interior de Angola. Passamos por Catengue, Caimbambo, Cubal e Ganda. Para mais tarde ficam mais fotos que a net é lenta e demora muito a carregar...


Ponte sobre o Rio Cavaco


Montanha "Vitória Certa"


Igreja de Caimbambo

Leituras [10] - A Gloriosa Familia, de Pepetela


Este é o livro que estou a ler actualmente e que retrata a saga familiar da familia de Baltazar Van Dum, chegada a Angola cerca de 1600, familia de "mafulos" (holandeses) e que deu origem a extensa linhagem que sobrevive até aos nossos dias - apesar de não ter ainda essa confirmação, julgo que se trata da história romanceada da familia Van Dunnen.

A forma de escrita adoptada, com narração por um escravo do 1º Van Dum em Angola é mais uma vez de uma imensa originalidade, como o foi no outro livro a opção tomada que não vou revelar aqui para não estragar a surpresa.

De facto, julgo que Pepetela mereceu bem o Prémio Camões e outros mais que sei já lhe terem sido atribuídos. A ler a sua obra com atenção.

SINOPSE:
"A história da família Van Dum, formada por Baltazar, um holandês, sua esposa africana e vários filhos, durante a ocupação holandesa de Angola no século XVII. O pai tenta manter boas relações tanto com os holandeses, chamados "flamengos", quanto com os portugueses, pois havia incorporado valores lusitanos, como a religião católica. Misturam-se elementos fictícios e factos históricos."

Leituras [9] - Jaime Bunda, Agente Secreto, de Pepetela


Descobri aqui em Angola este autor local, Pepetela, galardoado com o mais importante prémio da literatura portuguesa (Prémio Camões, 1997) e estou a adorar ler os seus livros.

Este "Jaime Bunda, Agente Secreto", foi o primeiro que li e estou agora a ler a "A Gloriosa Familia" sobre a história de uma familia holandesa, os Van Dum, desde 1600 até aos dias de hoje.

A sua escrita é muito engraçada, num português fácil de se ler. Recomendo vivamente para se perceber bem o país que Angola hoje é.

SINOPSE:
"A moça se despediu da amiga e avançou para a avenida. Ainda conservava nos lábios o sorriso da despedida, quando parou bruscamente, assustada com o automóvel preto. O carro também estacou de súbito. O condutor viu o sorriso desaparecer dos lábios dela. Mediu num relance o tamanho dos seios pontudos, querendo furar o vestido muito curto. Esperou gentilmente que se refizesse do susto e continuasse a travessia. Ela hesitou, mas depois agradeceu com um vago sorriso para os vidros escuros e correu à frente do carro, mostrando o corpo meio de menina meio de mulher, moldado pelo vestido justo. Uma gazela, uma cabra de rabo de leque, pensou o motorista, sentindo compulsivos apetites de caçador. Arrancou com o carro e seguiu até ao fundo da Ilha."