2011/03/31

Regionalização, sim ou não?



Esta é uma questão que me deixa dividido e para a qual não encontrei ainda uma (boa) resposta.

Por um lado, acho que o país precisa de uma reforma do sistema administrativo, onde se diminuam as freguesias e concelhos do país, onde se extingam os Governos-Civis, onde se ajuste a forma de eleição dos deputados a circulos que os aproximem dos eleitores, onde se ajuste a eleição dos autarcas de forma a dar maior liberdade de escolha do elenco governativo, onde se descentralize os poderes excessivamente centralizados.

Por outro lado, a experiência política portuguesa diz-me que essas tentativas de descentralização e reformas acabam por funcionar ao contrário do pretendido, criando mais centralização e as reformas por serem inconsequentes e, por vezes, deixando as coisas piores que antes.

Ainda em relação à regionalização, não tenho a certeza qual o melhor mapa para fazer esta reforma. Porque não há "verdadeiras" regiões em Portugal (com excepção das ilhas por geografia) como há em Espanha (antigos reinos/países) ou na Bélgica e Suiça (diferentes línguas) resta a regionalização "a régua e esquadro". E aqui já vi de tudo, desde as micro-regiões (tipo área metropolitana do Porto) até às macro-regiões (todo o norte, todo o centro, todo o sul a sul do Tejo...), passando pelas intermédias (as antigas províncias). Sou levado a pensar que as macro-regiões funcionarão melhor por agregarem mais massa critica, maior dimensão e peso - mas por norma quanto maior, mais distantes estão das suas periferias e mais centradas na sua capital se tornam, à imagem do que se passa no país e nos concelhos...

Daí que não sei o que pensar por o PSD nada dizer, nas linhas de orientação que saíram do último Conselho Nacional, sobre o assunto. Por um lado, o PSD diz que é preciso fazer a "reforma do Sistema Político, nomeadamente do sistema de representação eleitoral e do reforço do regime de responsabilidade de titulares de cargos públicos" mas não sei se só isso será o necessário para o efeito pretendido.

É urgente mudar.

Mas o proverbial receio que as mudanças trazem inibem-me de dizer se incluir a Regionalização será o melhor para o país. Porque, convenhamos, um país com a nossa dimensão (que basicamente é da dimensão de certas regiões de alguns países europeus) se tivesse políticos mais preocupados com as populações dos locais onde são eleitos não precisava de regionalização para nada. E isso poderá ser alcançado com a criação dos circulos uninominais pequenos, onde os eleitores votam nos candidatos mais do que nos partidos e podem sempre, em eleições posteriores, penalizar ou beneficiar os mesmos em função dos seus desempenhos.

A forma executiva da Regionalização também me deixa algo indeciso, entre um modelo mais descentralizado onde o Governo do país abdica de várias pastas em detrimento das regiões fazerem essa mesma gestão política-técnica e entre um modelo mais "soft" onde as regiões são, acima de tudo, um parlamento onde se discutem as necessidades e planificam as actividades que o Governo central deverá executar na zona.

Também a questão financeira é mais uma razão para me perguntar da validade desta proposta, pois a criação de mais um órgão político implica um orçamento próprio e muitos lugares públicos, quer de eleição, quer de nomeação, quer políticos, quer administrativos. E o estado financeiro do país actualmente não comporta isso, antes requer uma drástica diminuição de todos estes cargos com parlamentos, governos, ministérios, direcções gerais e institutos públicos bem mais leves.

Voltando assim à pergunta inicial: Regionalização, sim ou não? Neste momento, diria que NIM...

2011/03/30

O autismo

Ontem reuniu-se o Conselho Geral da Fundação Cidade de Guimarães, organizadora da CEC2012 e apenas serviu para 3 coisas: dar umas senhas de presença do tamanho de um ordenado mínimo aos participantes por uma reunião de 4 horas, aprovar uma moção altamente crítica à gestão da CEC2012 e reforçar a ideia de autismo e distanciação da CEC2012 à realidade que a envolve.


Imagem retirada de De Guimarães

Vamos por partes.

As senhas de presença são na ordem dos 500 Euros. Um escândalo que personalidades que vivem do Estado (com reformas e outras prebendas) deveriam ter tido a coragem de recusar num momento de crise no país como este.

Jorge Sampaio, Adriano Moreira, José Manuel dos Santos e Luís Braga da Cruz, na moção que aprovaram, recomendam melhor comunicação da FCG, maior envolvimento e relacionamento com os actores culturais locais e, last but not least, que o envolvimento com a CMG seja maior, envolvendo mais a Vereadora da Cultura.

A tudo isto, como sempre, a presidente da FCG responde... nada. Atira para o lado, sacode a água do capote e faz a fuga em frente! Diz a presidente que na moção pode "encontrar uma metodologia para que cada um possa entender melhor o que está a ser montado"! Ou seja, sobre o essencial, que é a critica generalizada à forma como a CEC2012 está a passar ao lado das empresas de Guimarães, dos actores culturais de Guimarães, dos habitantes de Guimarães, prefere nada dizer.

Fica, para memória futura, uma frase lapidar em vários sentidos de Jorge Sampaio sobre o assunto:

"É preciso transformar o acontecimento em algo que os vimaranenses sintam também que é deles"


Ou seja, antes de mais, assume que isso não acontece actualmente, dando razão a muitos que o dizem há muito e colocando em causa a posição e estratégia da FCG e até da CMG que foi quem gizou a forma de actuar perante a CEC2012. Mas, mais grave, dá a entender que a CEC2012 não é dos vimaranenses, apenas que também é deles. O "também" aqui faz toda a diferença. Porque não devia lá estar. A CEC2012, por mais que custe à elite pseudo-intelectual de Lisboa, É dos vimaranenses! Sem Guimarães, não haveria CEC2012, sem a sua gente e o seu trabalho ao longo dos anos, não havia CEC2012. E todo o problema que tem dividido e afastado a FCG/CEC2012 das instituições e pessoas de Guimarães tem sido exactamente esse, o de não sentirem como SEU aquilo que alguns querem fazer NOSSO... Não é nosso, país ou Lisboa/Porto, é nosso, vimaranense!

E num país normal, com todos os escândalos que têm acontecido em torno da administração da CEC2012, já se teriam demitido. Mas em Portugal, tal nunca acontece, ficando os visados remetidos ao proverbial autismo que os atinge quando nesses cargos...

2011/03/29

Arquitectos: Francisco Castro Rodrigues

Este vestuto senhor foi (quando no activo, porque ainda é vivo e inscrito na OA com o n.º 58!) um dos mais brilhantes arquitectos portugueses a trabalhar em Angola, tendo à sua conta gisado boa parte da cidade do Lobito e ainda deixado marcas em vários outros locais.



Após a independência ficou em Angola e assumiu-se de pleno direito como angolano, tendo trabalhado activamente até ao final da década de 80, tendo só então regressado a Portugal, onde ainda hoje vive em Azenhas do Mar.

Muitas das mais bonitas obras que pude visitar foram da sua autoria, obras de uma modernidade fantástica e dotadas de um saber e soluções para responder ao clima tropical que ainda hoje são avançadas (e por isso utilizadas), sendo um arquitecto muito à frente do seu tempo. Como aliás foram vários, como o já aqui mencionado Frederico Ludovice.

Por indicação da minha leitora Maria Amorim, descobri uma pequena reportagem sobre este arquitecto que me levou a várias outras páginas com informação variada sobre ele.


Tudo começou por uma noticia da Ordem dos Arquitectos que indica que este Arquitecto recebeu, recentemente, o prémio SP-AICA 2010, sendo ainda possível encontrar mais coisas no site Buala pela colega que venceu o prémio Távora em 2008/09, Cristina Salvador, e no Jornal dos Arquitectos (JA n. 234), pela colega Ana Vaz Milheiro.

"A obra do arquitecto Castro Rodrigues
Em meados do século XX, os colonialismos africanos – e em especial o colonialismo português – são alvo de cada vez maiores pressões ao nível internacional. Neste contexto, a estratégia desenvolvida e posta em prática por Portugal em Angola incluiu o investimento nas colónias, quer a nível da melhoria das infraestruturas quer ao nível da imagem de um colonialismo modernizador e vanguardista. A tradução desta estratégia, ao nível arquitectónico, passou pela planificação urbana e pela edificação moderna e de vanguarda – esta última extremamente reprimida na metrópole pelo regime de Salazar que apostava numa visão tradicionalista e revivalista – tentando assim disseminar a imagem de uma colónia que pretendia desenvolver e melhorar as condições de vida das populações em Angola. Em todo o caso, alguns arquitectos que trabalhavam para o regime como foi o caso de FCR puderam aproveitar a sua localização fora da metrópole para contestar com a sua obra a visão colonial. A análise da obra de FCR principal arquitecto da cidade do Lobito – onde se situava o maior porto angolano, quer em termos de dimensão quer das trocas comerciais aí realizadas – permite a constatação do nível do investimento realizado pela colónia e também o conflito existente com a administração colonial. Um dos testemunhos deste conflito é a planificação da cidade de forma que contrariava a divisão espacial/racial prevista pelo estado colonial e o novo plano do Lobito do final dos anos 60, baseado nos conceitos do urbanismo moderno da “Carta de Atenas”.

Durante (mais de) trinta anos FCR ofereceu o seu saber e as suas convicções, experimentados no terreno, à colónia portuguesa e mais tarde à jovem República Popular de Angola. A condição política do território em nada alterou o seu modo de projectar, a atenção e o empenhamento que investiu em todos os trabalhos que conduziu, apoiado num princípio simples, “temos uma realidade objectiva local que temos de melhorar e daí é que vamos partir para o futuro”, e em ideias políticas vigorosas sobre o sentido das melhorias que deviam ser encontradas.

Do extraordinário percurso de Castro Rodrigues em Angola, construtor de cidade e de arquitecturas notáveis no Lobito, podemos destacar:

* Bloco de habitação prédio do Sol (1952) “…de intensa modernidade” (J. M. Fernandes, 2005, p. 91);
* Jardim Infantil João de Deus (1955);
* Cine-Esplanada Flamingo no Lobito (1963) “com uma elegante pala em betão, tensionada por cabos” (J. M. Fernandes, 2005, p. 91);
* Mercado municipal do Lobito (1963) “de delicada escala e desenho” (J. M. Fernandes, 2005, p. 91)
* Aerogare do Lobito (1964) “um volume transparente com extensos planos de grelhagem para ventilação” (J. M. Fernandes, 2005, p. 91);
* Liceu do Lobito (1966);
* Auto silo da casa Americana (1970);
* Bairro municipal de autoconstrução do Alto do Liro 7 500 fogos (1970-1973) “inovador…percursor do que se fez em Portugal com o SAAL” (J. M. Fernandes, 2005, p. 91);
* Catedral de Sumbe ex-Novo Redondo (1972?)
* Liceu do Sumbe (1972-73);
* Paços do Concelho no Sumbe (?)
* Plano Director do Lobito aprovado em 1975 pelo governo da República de Angola .

Como tem sido destacado por J. M. Fernandes,
“Por um lado, o seu trabalho longo e contínuo no Lobito (depois de 75 parcialmente em Luanda) entre 1953 e 1987; por outro, a sua participação, decisiva e simultânea, nos planos municipal, urbanístico, infraestrutural e arquitectónico – tornaram Castro Rodrigues num verdadeiro “fazedor da cidade moderna” em relação ao Lobito.”
(Fernandes, J. M. – Arquitectura e Urbanismo na África Portuguesa. Lisboa: Caleidoscópio, 2005, p. 89)

O mesmo respeito que FCR mantinha pelas populações promovendo tanto quanto possível a auto-construção, o uso de materiais e técnicas locais, “aprendemos realmente, com as razões que o povo nos apresentou, a construir melhor”, e a participação, “a certa altura fazia-se o chamamento da população para discutir certos pontos do Plano Director, para falar”.
“A propósito das aldeias, comunais ou não” é o título de um trabalho que desenvolve para Agostinho Neto (198?) e um tema recorrente sobre o qual trabalha e que conclui com o exemplo dos processos experimentados no Alto do Liro.
Em 1979 integrou a Direcção Nacional de Edificações de Angola e mais tarde, até 1984, o Gabinete Regional de Urbanização de Benguela.
Em 1982 concluiu o estudo “História do Lubito e da Catumbela”.

FCR fixou-se em Portugal em 1987 e voltou a Angola (em 1993) para a assembleia popular lhe entregar um diploma como trabalhador de mérito."


Já agora, recomenda-se a leitura do livro referido de José Manuel Fernandes intitulado "Arquitectura e Urbanismo na África Portuguesa" da editora Caleidoscópio.

2011/03/28

Pritzker para Souto Moura



Mais uma vez, a Fundação Hyatt resolveu agraciar um arquitecto com o seu prémio anual, que se diz equivaler ao Nobel. A honra coube, desta vez, a Eduardo Souto Moura, depois de em 1992 Siza Vieira ter sido o primeiro a alcançar este feito.

É, de facto, uma honra poder ver estes dois portugueses numa extensa lista junto de nomes como Niemeyer, Tadao Ando, Norman Foster, Aldo Rossi, Luis Barragan ou o primeiro de todos os galardoados em 1979, Philip Jonhson.



Segundo a revista Visão, o júri destaca o "trabalho que é do nosso tempo mas que também tem ecos da arquitetura tradicional", sendo que "durante as últimas três décadas, Eduardo Souto Moura produziu um corpo de trabalho que é do nosso tempo mas que também tem ecos da arquitetura tradicional. Os seus edifícios apresentam uma capacidade única de conciliar características opostas, como o poder e a modéstia, a coragem e a subtileza", realça ainda o comunicado sobre o Arquitecto nascido em 1958.

Da sua vasta obra, há a destacar a Casa das Histórias em Cascais, a Casa das Artes no Porto, a Estação de Metro da Trindade, o Centro de Arte Contemporânea de Bragança, o Hotel do Bom Sucesso em Óbidos, o Mercado da Cidade de Braga, a Marginal de Matosinhos-Sul, o Estádio AXA-Braga, o Crematório de Kortrijk (Bélgica), o Pavilhão de Portugal na 11ª Bienal de Arquitectura de Veneza (Itália) ou a Casa Llabia (Espanha), entre tantas outras obras.

Ao colega que eu tanto aprecio, os meus sinceros parabéns pela justa atribuição deste prémio.

Link para fotos da obra e texto para a imprensa do site do prémio.

2011/03/27

O abismo (para reflectir)

Pacheco Pereira, no Abrupto, escreveu um curto texto mas muito interessante.

Para reflexão, quer do país, quer do PSD.



"Um dos poucos provérbios verdadeiramente universais começou em latim: abyssus abyssum invocat. Embora muita gente pense que este provérbio faz parte daquela massa de sabedoria greco-romana que nos chegou condensada, a frase tem origem num Salmo e é da Bíblia em latim, a Vulgata, também uma das fontes da sabedoria ocidental, com um toque de helenismo oriental. Pouco importa a origem, a sua lição está em todas as línguas: “um abismo atrai outro”, “l'abîme appelle l'abîme”, “el abismo llama al abismo”, “l’abisso chiama l’abisso”. E os rifonários associam este provérbio a outros: “uma desgraça nunca vem só”, “misfortunes never come singly”, “una desgracia nunca viene sola”, "le disgrazie non vengono mai sole”, entre outros.

Na tradução clássica em inglês da “King James Bible”, em vez de “abismo” temos “profundezas”, “inferno”, o que é mais próximo do sentido original, mais grego que latino. Mas a chave de tudo é o “invocat”, “calls”, “chiama”, “apelle”, “llama”, “atrai”, “chama” - o abismo chama, melhor, o abismo seduz. A frase, um verdadeiro teasing à nossa cabeça, uma frase que faz pensar, devia estar hoje inscrita por todo o lado, nas ruas, nas praças, a fogo para se ver de noite: portugueses, aqui está o abismo, aqui está o inferno, aqui estão as profundezas, não vos deixeis fascinar pelo tenebroso caminho com que o inferno nos seduz. Ganância, superficialidade, desespero, fuga em frente, irresponsabilidade, pequenos interesses, tudo leva a que muitos dancem nas bordas esfareladas do abismo. É só uma questão de tempo até caírem.

José Sócrates e o PS foram os grandes escavadores do abismo. Não fizeram outra coisa nos últimos seis anos, com ajuda de outros escavadores nos últimos quinze. O gigantesco buraco que escavaram ficou a olhar para cima com uma pantagruélica, incomensurável boca, na qual um dente de falso ouro, engana os que o olham de cima, atraídos pela luz escassa, que ilude o escuro das profundezas. Luz que parece prometedora, a luz do poder. Também já foi dito: quando alguém olha para o abismo, o abismo olha também de volta. Invocat. Chama. E O PSD atirou-se, iludido pelo falso ouro, e pelas vozes. Duvido que alguém saiba muito bem o que está lá no fundo. No inferno."

2011/03/25

Será o FMI o demónio?

Sejamos claros: NÃO!

É evidente que era melhor não ser necessário recorrer ao FMI. Mas, como bem disse Pedro Passos Coelho esta noite na SIC, "tem-se diabolizado a questão do FMI porque o primeiro-ministro a tornou uma questão de honra do Estado" sendo que "Portugal faz parte do FMI" e que o organismo "existe para ajudar os países a superar crises de financiamento".

Aliás, como sabemos, já por outras vezes o nosso país precisou desse apoio e só após esse apoio ter sido concretizado Portugal conseguiu entrar em fases de crescimento efectivo - porque disciplinou contas públicas, acabou com certas despesas sem nexo e permitiu que o Governo se concentrasse na governação efectiva.

Assim sendo, a mim, como pelo visto ao PPC, não me causa nenhum problema o FMI entrar em Portugal novamente. As coisas, como estão, claramente que não são para resolvermos por meios próprios - e desconfio que nem conhecemos da missa a metade, basta ver o que se está a passar com o défice de 2010 que em vez de ser inferior a 7% segundo indicações da UE deverá ser superior a 8%...

Aliás, é possível encontrar pessoas que concordam com esta posição de aceitar o FMI, como por exemplo José Soromenho-Ramos ou Medina Carreira. Pessoas que, evidentemente, estão longe de precisar ou estar dependente de politiquices.

Tenho gostado da calma e ponderação que PPC tem dado provas nestes últimos meses. Enquanto a máquina de propagando do Governo/PS (já nem se distingue onde acaba um e começa outro) e os partidos radicais de esquerda urram, ele tem sido a voz da razão. E está a colher benefícios disso mesmo, como demonstra a sondagem de hoje da TSF que lhe dá o limiar da maioria e, coligado com o PP, cerca de 53% dos votos.

Estou razoavelmente optimista quanto ao futuro. Porque reconheço, cada vez mais, mas de há muito, em PPC um líder, para o PSD e para Portugal. E da actual gesta de políticos disponíveis, claramente que ele é um dos mais positivos e preparados para o cargo.

Fica aqui o registo da entrevista:

2011/03/23

Portugal, dia 0

Amanhã, começa um novo país. Hoje, acabou este período obscuro da democracia em Portugal.

Resta agora enxaguar o chão de S. Bento das muitas lágrimas de crocodilo que Sócrates está a derramar.

Amanhã, repito, começa um novo país. Livre de Sócrates, Silva Pereira, Teixeira dos Santos, Santos Silva e tantos outros.

Amanhã, começa um novo país!

Game over?

2011/03/22

O Pântano II



Depois de Guterres, agora é Sócrates (juntamente com Pedro Silva Pereira e Teixeira dos Santos) que brinca no pântano e dobra a factura para o futuro dos portugueses pagarem.

O pântano está instalado, em força, daqueles bem lamacentos e pegajosos.

Mas, e tudo correndo bem, hoje será o último dia em que Sócrates, Teixeira dos Santos e Pedro Silva Pereira deixam de brincar no pântano. Porque amanhã, a partir das 15H00, com a votação do PEC4, nada poderá ficar como antes, ou seja, com o anunciado chumbo do pacote de medidas adicionais para este ano e de novas medidas para os 2 próximos anos que a oposição em bloco anunciou, nada mais restará, se ainda houver um pingo de seriedade dos governantes, que não seja ir a Belém apresentar a demissão - em consonância com o que anunciou há uns dias atrás. Ao menos, uma vez na vida fale verdade e faça o que disse que ia fazer!

Os três brincalhões andam divertidos espalhados pelo país e pela Europa a tentar dizer e desdizer o assunto, a lançar confusão e a tentar atirar areia para o pântano de forma a não se afundarem nele. O problema é que areia no pântano torna-o em areia movediça, para limpar o pântano é primeiro preciso drenar o excesso de água...


De uma vez por todas, o PEC4 foi elaborado e apresentado à Comissão Europeia antes de ser mostrado a Portugal (aos partidos da oposição, ao PR e até ao próprio Governo) e foi assim que foi aprovado pelos parceiros europeus.

Como admitiu Luís Amado, MNE do mesmo Governo, Sócrates é principal culpado da situação de crise política por andar há muito tempo a jogar aos dados com a economia deste país. Se isto não fosse verdade, bastava ver o que dizia Sócrates a semana passada (não precisamos de intervenção externa) e o que disse ontem Teixeira dos Santos (até ao final desta semana poderá ser necessário solicitar a intervenção externa na nossa economia) para se perceber como não há rumo ou ideias. Apenas há um desespero de se manterem agarrados a um lugar para os quais nunca tiveram, mas em especial agora não têm, qualquer capacidade de o representar.

Não sei o que aí vem. Pedro Passos Coelho ou não, coligado ou não, com intervenção externa ou não. A única coisa que sei é que, neste momento, a incerteza de um futuro diferente é muitíssimo melhor que a certeza de um presente desastroso e que se encaminha a passos largos para o abismo.

Como dizia o poeta, "não sei para onde vou [ao optar por este futuro incerto] mas sei que não vou por aí [pelo caminho que estamos a trilhar]". Mas o "dia da libertação" está a chegar e será, de certeza, largamente comemorado em todo o país, da esquerda à direita, do novos à rasca aos velhos enrascados, se calhar até nas ruas e com foguetes e sinos a rebate!

2011/03/19

A Lua...


Foto Nuno Leal

...que inspira poetas e namorados, está hoje um pouco maior e mais brilhante.

A lua

Num site brasileiro encontrei algumas referências engraçadas à Lua, cujo interesse me foi suscitado em função do acontecimento raro que está prestes a acontecer: a proximidade maior que o habitual da Lua à Terra e que, por isso, aumenta não só o brilho da mesma como ainda o aspecto dimensional da mesma.



E se o acontecimento é raro, é porque são uma série de factores conjugados: ser lua cheia e até estar bom tempo...

A máquina fotográfica, a objectiva 300mm e o tripé estão prontos.

Segundo o que pude perceber, neste momento a Lua encontra-se no oposto do Sol (180º ou 12 horas) pelo que quando o Sol se "deitar", irá nascer a Lua no outro extremo, algures a E (nascente), cerca das 19H ou 20H (ou mais, tudo depende se do local onde estamos temos obstáculos visuais, naturais ou não, que o impeçam.

Assim, a propósito, a célebre música dos Pink Floyd, The Dark Side of the Moon. Exactamente o outro lado do que vamos ver hoje à noite.

Porque hoje é 19 de Março...

...um beijo especial para o meu Pai!

2011/03/18

Abril, jogos mil...

Depois de ontem assegurar num jogo que ganhou na primeira jogada (livre aos 50 segundos marcado por Hulk para a baliza, num misto de cruzamento-remate) e após o jogo deste fim de semana, o mês de Abril tem já garantidos 7 jogos (de 3 de Abril a 1 de Maio) e poderá ter mais outro, a 28 de Abril, nas meias finais da Liga Europa se ultrapassar a 2ª leva de moscovitas...



É evidente que num plantel extenso, com uma equipa técnica numerosa e com dirigentes habituados a ganhar constantemente, é muito dificil saber de quem são os maiores méritos da boa época até ao momento.

Mas de uma coisa eu sei.

Se o mês de Abril se saldar num sucesso (como acredito que venha a ser) então sei que claramente muito do sucesso será de um homem, que não gostando de se individualizar, pela competência que tem mostrado, é credor disso: André Villas Boas.

Claramente ele é a grande diferença para a época passada. É o "plus" que faltava à equipa, à organização.

É metódico, planeado e no banco mostra bom serviço - ainda ontem, por exemplo, ganhou o jogo em vez de empatar porque soube lançar os suplentes certos nas alturas certas, refrescando a equipa e dando peso nos sectores e faixas necessárias para segurar os russos. E muitos jogos este ano foram ganhos assim, com mexidas estratégicas.

Estou confiante para o mês de Abril. Que venha a Académica e a paragem por causa da Selecção, porque o mês mais importante da época está a chegar...

2011/03/17

Ainda sobre "A Capital é nossa"

Já estão na blogosfera e espero que em breve comece a ver os primeiros projectos dos "excluídos" da CEC - e são tantos, conheço uns poucos que se queixam disso mesmo, de nem uma resposta ter ao fim de vários meses de solicitação, apesar de invariavelmente tal ser negado pela CEC.

A primeira actividade, embora com impacto, não foi, para mim, a melhor: pintura de algumas paredes com o símbolo do movimento.

Mas a segunda actividade, relacionada com a limpeza desses locais e a alteração do suporte das pinturas, já demonstra mais cuidado nas intervenções, próprio de artistas e vimaranenses preocupados com o património e a cidade.



Esta é uma actividade que pode ser muito interessante, um sobressalto cívico que os vimaranenses estão a ter e que eu vejo como muito positivo. Porque significa que por mais que a Fundação através da CEC e a CMG tentem, não conseguem controlar e dominar a enorme força associativa vimaranense...

2011/03/16

2011/03/15

A Capital é nossa!


E o inevitável aconteceu.

Sentindo-se excluidos pela equipa da CEC2012, vários agentes vimaranenses formaram uma CEC paralela, que visa fazer uma programação onde estejam, de facto, envolvidos.

E com grande adesão, como se infere pelo crescimento exponencial do site do Facebook.

Fica a notícia do I:
"Um grupo de artistas e associações culturais que se sente "excluído" da Capital Europeia da Cultura pela Fundação Cidade de Guimarães criou o movimento "A Capital é Nossa" para, paralelamente, dinamizar o evento em 2012.

"Queremos promover ações construtivas de dinamização da Capital Europeia da Cultura em Guimarães de forma a podermos ter sustentabilidade para aparecer em público sem sermos mais um movimento contra a gestão do evento", afirmou o porta-voz do "A Capital é Nossa", Alberto Araújo.

Numa primeira ação visível, o movimento pintou no fim-de-semana grafitis em vários pontos de Guimarães incluindo o tag "A Capital é Nossa", uma imagem de "Santa Cristina" criada por um artista anónimo, e um "boneco" de Cristina Azevedo, a presidente da Fundação Cidade de Guimarães, com a mão no bolso onde está o símbolo do euro."

2011/03/14

Eu Não Sou Rasca!

Eu Não Sou Rasca!

Isto diz o criador deste blog que pretende denunciar os abusos nos anúncios de proposta de emprego que andam por aí. E, diga-se, com toda a razão, como se afere nos primeiros exemplos apontados com interesse. A seguir de perto...

Urban Sketchers Drawings 4

urban sketch 004 - desafio da semana

O que eu comi ontem durante o dia, Challenge XLI do blog USK-Portugal.

Irá o país parar?



Em 2008, o país parou com a paralisação deles, sendo os motivos que os levaram a essa acção serem quase iguais aos de hoje.

E hoje, há uns minutos, começou nova paralisação.

Com a agravante que em 2008 não havia crise económica nem Portugal estava à beira da falência. Quer dizer, se calhar já havia crise e já estávamos à beira da falência, mas a propaganda camuflava a coisa...

Esta será, sem dúvidas, mais uma prova de fogo ao Governo, que juntamente com o PEC4 que irá ser discutido no Parlamento (quer ele queira, quer não queira) e provavelmente chumbado, será uma semana intensa novamente.

Começo a acreditar que esta semana será crucial para a definição governativa de Portugal, simbolicamente paralisado pelos camionistas...

2011/03/12

Manifestação da geração (que pôs o Sócrates) à rasca!



Algumas frases:
- revolução precária
- e quem não salta é do governo;
- não há liberdade com precaridade;
- liberdade, igualdade, fraternidade;
- nós, crianças, que futuro teremos?;
- basta de se governarem;
- filhos não são luxo;
- fuck the system;
- juventude exige mais direitos e outra política;
- estado gordo=povo magro;
- basta de escravidão;
- Sócrates vai para a rua;
- revolução já;
- defender a agricultura e melhorar a auto-suficiência alimentar;
- ordenado mínimo para os políticos já;
- 'tou à rasquinha (e ao lado noutro cartaz) eu também!

O povo está na rua... dizem ser 200 a 300 mil em Lisboa e 50 a 80 mil no Porto, mais gente em Braga, Viseu, Coimbra e ainda outras cidades portuguesas. E até em Madrid!



Entretanto, os caminiostas parece que vão entrar em greve às 0h00 de segunda-feira! Em 2008, acabaram bens nos supermercados, esgotou combustível nas bombas, o país parou.

Agora, pergunto-me eu: e depois disto e do que aí vem, o que se poderá fazer e o que vai acontecer?

Será que Sócrates não percebe que esgotou o seu tempo? Tem o Presidente contra ele, tem a oposição contra ele, tem os professores contra ele, tem os camionistas contra ele, enfim, tem o Povo contra ele, mais ainda depois do PEC4 à revelia de tudo e de todos de ontem. O que será que está à espera para se demitir?

Eficiência no desempenho energético dos edíficios



Ontem começei uma formação na TecMinho para "projectistas e peritos qualificados em RCCTE", ou seja, no âmbito do desempenho energético dos edifícios de habitação, neste caso.

E logo ao primeiro dia, alguns números interessantes que mostram o enorme mercado que está à beira de se apresentar no sector das obras, assim que a economia portuguesa deixe de precisar de PEC's...

Assim, sabia que...

...mais de 80% dos edifícios em Portugal foram construídos antes de 1990 (ano em que entrou em vigor o primeiro regulamento sobre comportamento térmico) e que por isso têm fraco desempenho neste capítulo?

...o desperdício de energia no sector de edifícios em Portugal é de 1000 MILHÕES DE EUROS POR ANO? E que isso foi quanto custou a ponte Vasco da Gama?

...o crescimento do consumo de energia nos edifícios em Portugal tem sido de 7% ao ano, apesar da legislação ser cada vez mais restritiva quanto aos gastos energéticos?

...o sector dos edifícios é responsável pelo consumo de 60% da electricidade em Portugal e 50% das necessidades energéticas das habitações são para se ter água quente sanitária?

...Portugal assinou o protocolo de Quioto em 1997 mas que em 2002 já tinha ultrapassado as emissões de CO2 previstas para 2010?

...o país com maior área de painéis solares na Europa é a Alemanha que por acaso é dos países com menos horas de sol por ano, ao contrário de Portugal que é dos que mais horas anuais de sol tem?

...todos os edifícios usados em Portugal desde Janeiro de 2009 são obrigados a possuir um Certificado Energético quando vendidos ou arrendados e que todos os edifícios novos já o têm de ter desde 2008?


Há muito dinheiro a ser deitado pela janela fora todos os anos em Portugal e que, aplicado em programas de reabilitação energética dos edifícios poderia, a curto prazo, ser rentabilizado. Não nos podemos esquecer que muita da energia eléctrica produzida em Portugal depende do petróleo e do gás, pelo que não só se desperdiçaria menos dinheiro como ainda se importava menos matéria prima para fazer energia. Mas, como sempre, o Governo prefere aumentar impostos em vez de criar formas de poupar dinheiro...

2011/03/11

Imagens incriveis do tsunami no Japão

Melhor do que palavras, os videos. A natureza surpreende-nos sempre e a realidade supera a ficção.







2011/03/10

Posso estar enganado...

...mas acho que em pouco tempo vamos passar de "geração à rasca" para "geração que pôs o Sócrates à rasca"!

Desconfio que o fim dele começou ontem no discurso da tomada de posse do Presidente e vai passar no próximo sábado pelas manifestações por todo o país...

2011/03/09

Um discurso para a história!



Tomou hoje posse Cavaco Silva, reeleito recentemente Presidente da República.

E com um discurso arrasador para os governos e governantes dos últimos 10 anos, mas com uma palavra e mensagem de esperança para os jovens, o futuro de Portugal.

E foi um discurso mordaz, incisivo, assertivo. Tocou nos pontos podres de Portugal, mexeu bem fundo na consciência de todos e cada um.

É um discurso excelente. Deixo o link e o próprio discurso. Os sublinhados são meus.

Discurso de Tomada de Posse do Presidente da República
Assembleia da República, Palácio de São Bento, 9 de Março de 2011

Senhor Presidente da Assembleia da República,
Senhor Primeiro-Ministro e Membros do Governo,
Senhoras e Senhores Deputados,
Senhoras e Senhores,

Ao iniciar funções como Presidente da República, quero começar o meu mandato saudando o povo português de uma forma muito calorosa.

Saúdo todos os Portugueses, quer os que vivem no nosso País, no Continente e nas Regiões Autónomas, quer os que engrandecem o nome de Portugal nas comunidades da Diáspora.

Saúdo os Portugueses que me ouvem, mas também aqueles que, através da língua gestual, acompanham a palavra fraterna que lhes quero dirigir neste dia.

De todos serei Presidente.

Serei Presidente dos Portugueses que me honraram com o seu voto mas também daqueles que o não fizeram. É perante todos, sem excepção, que aqui assumo o compromisso solene de cumprir e fazer cumprir a Lei Fundamental da nossa República.

Ao Senhor Presidente da Assembleia da República, que desempenha com grande sentido de Estado a exigente missão de presidir à instituição onde a democracia e o pluralismo se realizam todos os dias, agradeço as palavras que me dirigiu.

Assumo perante vós, Senhores Deputados, o firme e sincero propósito de colaborar com a Assembleia da República, na certeza de que o momento que o País atravessa exige uma especial cooperação entre as diversas instituições democráticas.

Ao Governo e ao Senhor Primeiro-Ministro reitero o compromisso de cooperação que há cinco anos assumi perante os Portugueses. Pela minha parte, pode contar o Governo com uma magistratura activa e firmemente empenhada na salvaguarda dos superiores interesses nacionais.

Enquanto Presidente da República cumprirei escrupulosamente os compromissos que assumi perante os Portugueses no meu manifesto eleitoral. No quadro de todos os poderes que me são conferidos pela Constituição, serei rigorosamente imparcial no tratamento das diversas forças políticas, mantendo neutralidade e equidistância relativamente ao Governo e à oposição.

Irei cooperar com os demais órgãos de soberania para que Portugal ultrapasse as dificuldades do presente e actuarei como elemento moderador das tensões da vida política e como factor de equilíbrio do nosso sistema democrático.

Agradeço a presença nesta cerimónia dos representantes de países amigos, em particular dos países de língua oficial portuguesa. Reconheço no vosso gesto um sinal de apreço por uma nação soberana de muitos séculos, orgulhosa do seu passado e confiante no seu futuro.


Senhor Presidente da Assembleia da República,
Senhoras e Senhores Deputados,

Como sempre tenho afirmado, só um diagnóstico correcto e um discurso de verdade sobre a natureza e a dimensão dos problemas económicos e sociais que Portugal enfrenta permitirão uma resposta adequada, quer pelos poderes públicos quer pelos agentes económicos e sociais e pelos cidadãos em geral. A informação objectiva sobre a situação económica e social do País é um bem público que beneficia a sociedade no seu conjunto, porque estimula comportamentos favoráveis à resolução das dificuldades.

Os indicadores conhecidos são claros. Portugal vive uma situação de emergência económica e financeira, que é já, também, uma situação de emergência social, como tem sido amplamente reconhecido.

Acredito que conseguiremos ultrapassar os problemas actuais se formos capazes de dar uma resposta verdadeiramente colectiva aos desafios que temos à nossa frente, o que exige transparência e um conhecimento rigoroso e completo da situação em que nos encontramos. Como em tudo na vida, para delinearmos o melhor caminho para atingirmos o futuro que ambicionamos, temos de saber de onde partimos.

Nos últimos dez anos, a economia portuguesa cresceu a uma taxa média anual de apenas 0,7%, afastando-se dos nossos parceiros da União Europeia. Esta divergência foi ainda mais evidente no caso do Rendimento Nacional Bruto, que constitui uma medida aproximada do rendimento efectivamente retido pelos Portugueses. O Rendimento Nacional Bruto per capita, em termos reais, cresceu apenas 0,1% ao ano, reflectindo na prática uma década perdida em termos de ganhos de nível de vida.

De acordo com as últimas estimativas do Banco de Portugal, “o crescimento potencial da economia portuguesa, o qual determina a capacidade futura de reembolso do endividamento presente”, é actualmente inferior a 1% e, em 2010, o valor real do investimento ficou cerca de 25% abaixo do nível atingido em 2001.

O défice externo de Portugal tem permanecido em valores perto de 9% do produto, contribuindo, por força do pagamento de juros ao exterior, para a deterioração do saldo da balança de rendimentos, cujo défice anual, de acordo com o Banco de Portugal, se aproxima rapidamente dos 10 mil milhões de euros, privando a nossa economia de recursos fundamentais para o seu desenvolvimento.

Simultaneamente, a taxa de poupança nacional tem vindo a decair, passando de cerca de 20% do produto em 1999 para menos de 10% nos últimos dois anos.

Em 2010, o desemprego atingiu mais de 600 mil pessoas, o que contrasta com cerca de 215 mil em 2001. Nestes dez anos, a taxa de desemprego subiu de 4% para um valor de 11%.

Os dados publicados pela Comissão Europeia indicam que, em 2008, o número de residentes em Portugal que se encontravam em “risco de pobreza ou exclusão social” superava os 2 milhões e 750 mil, o que equivale a cerca de 26% da nossa população. De acordo com as informações qualitativas disponibilizadas pelas instituições que operam no terreno, esta situação ter se á agravado nos últimos dois anos.

A margem de manobra do Estado português para acudir às necessidades de crescimento da economia e para combater os problemas de natureza social encontra-se severamente limitada, como o provam os níveis da despesa pública, da dívida pública e do endividamento do Sector Empresarial do Estado, a que acrescem os encargos futuros com as parcerias público-privadas.

Também a capacidade dos agentes nacionais acederem ao crédito e de financiarem, quer as suas necessidades de capital quer o crescimento da economia, está cada vez mais dificultada. O saldo devedor da Posição de Investimento Internacional, que corresponde ao grau de endividamento líquido da economia, é superior a 100% do produto.

Os mercados continuam a limitar fortemente o recurso ao financiamento por parte do sistema bancário nacional, o que se reflecte num agravamento das restrições de acesso ao crédito por parte das famílias e das empresas e num aumento das taxas de juro.

Além disso, o financiamento do Estado continua a ser feito a taxas anormalmente elevadas, condicionando o funcionamento do sistema financeiro português e da nossa economia. É elementar perceber que, como escreve o Banco de Portugal no seu último Boletim Económico, e cito, “o actual contexto de elevados prémios de risco da dívida soberana para Portugal implica um serviço da dívida externa acrescido”. Existe, assim, um risco sério de o pagamento de juros ao exterior travar a indispensável redução do desequilíbrio externo, mesmo no caso de um comportamento positivo das exportações.

Vários outros indicadores podiam ser apresentados para confirmar que Portugal se encontra numa situação particularmente difícil.

Neste contexto, surpreende que possa ter passado despercebido nos meios políticos e económicos o alerta lançado pelo Governador do Banco de Portugal, em Janeiro passado, de que, e cito, “são insustentáveis tanto a trajectória da dívida pública como as trajectórias da dívida externa e da Posição de Investimento Internacional do nosso País”.


Senhor Presidente da Assembleia da República,
Senhoras e Senhores Deputados,

Portugal está hoje submetido a uma tenaz orçamental e financeira – o orçamento apertando do lado da procura e o crédito apertando do lado da oferta. Este quadro afectará negativamente o crescimento económico e a qualidade de vida das famílias, a não ser que os responsáveis políticos, económicos e financeiros correspondam, com firmeza e sem ambiguidades, à obrigação que têm de libertar o país desta situação.

Esta é a realidade que não deve ser ignorada e que é minha obrigação deixar bem clara no início do meu segundo mandato como contributo para que a urgência de actuar seja por todos apreendida. A resolução dos problemas exige plena consciencialização da situação em que estamos. É urgente encontrar soluções, retomar o caminho certo e preparar o futuro. Esta é uma tarefa que exigirá um esforço colectivo, para o qual todos somos chamados a contribuir.

Ao Estado cabe definir com clareza as linhas estratégicas de orientação, as prioridades e os principais desígnios para o todo nacional. Estas serão referências essenciais não apenas para o sector público mas também para a iniciativa privada.

Além disso, é imperativo melhorar a qualidade das políticas públicas. Em particular, é fundamental que todas as decisões do Estado sejam devida e atempadamente avaliadas, em termos da sua eficiência económica e social, do seu impacto nas empresas e na competitividade da economia, e das suas consequências financeiras presentes e futuras. Não podemos correr o risco de prosseguir políticas públicas baseadas no instinto ou em mero voluntarismo.

Só com políticas públicas objectivas, consistentes com uma estratégia orçamental sustentável e com princípios favoráveis ao florescimento da iniciativa privada, poderemos atrair investimento para a economia portuguesa e ambicionar um crescimento compatível com as nossas necessidades. Sem crescimento económico, os custos sociais da consolidação orçamental serão insuportáveis.

Neste contexto difícil, impõe se ao Presidente da República que contribua para a definição de linhas de orientação e de rumos para a economia nacional que permitam responder às dificuldades do presente e encarar com esperança os desafios do futuro.

Em coerência com o que tenho defendido e com o que está inscrito no meu manifesto eleitoral, entendo que há princípios muito claros de orientação estratégica que Portugal deve assumir. Face à situação em que o País se encontra, há que actuar simultaneamente no domínio estrutural, visando a resolução dos desequilíbrios que têm afectado a economia portuguesa, e no domínio conjuntural, visando mitigar o impacto negativo da actual crise sobre o emprego, sobre as empresas e sobre os Portugueses mais carenciados.

A nível estrutural, e como há muito venho a insistir, temos de apostar de forma inequívoca nos sectores de bens e serviços transaccionáveis. Só com um aumento da afectação de recursos para a produção competitiva conseguiremos iniciar um novo ciclo de desenvolvimento. Este é um desafio que responsabiliza, em primeiro lugar, o Estado e o sistema financeiro. De resto, é fundamental que os Portugueses assimilem, de forma convicta, a necessidade de produzir mais bens que concorram com a produção estrangeira. Um défice externo elevado e permanente é, por definição, insustentável.

Ainda no âmbito da afectação de recursos, é necessário estimular a poupança interna e travar a concessão indiscriminada de crédito, em especial para fins não produtivos e para sustentar gastos públicos. É imperioso reafectar o crédito disponível para as pequenas e médias empresas criadoras de valor económico e de emprego e para as exportações.


Em paralelo, é essencial traçar um caminho que permita o reforço da nossa competitividade e o aumento da produtividade do trabalho e do capital. A perda de competitividade da economia portuguesa é talvez o sintoma mais grave das nossas fragilidades.

Neste contexto, é crucial a realização de reformas estruturais destinadas a diminuir o peso da despesa pública, a reduzir a presença excessiva do Estado na economia e a melhorar o desempenho e a eficácia da administração pública.

Só com uma gestão rigorosa, determinada e transparente das contas públicas será possível um crescimento económico duradouro, a criação de novos e melhores empregos e a consolidação da credibilidade externa. A sustentabilidade das finanças públicas portuguesas é uma questão iniludível para a confiança dos investidores internacionais. Quando a taxa de juro da dívida pública é superior à taxa de crescimento nominal da economia aumenta a exigência em relação ao saldo primário das contas públicas.

É preciso valorizar a iniciativa empresarial e o conceito de empresa como espaço de diálogo e cooperação entre gestores e trabalhadores, captar e manter investimento de qualidade e aproveitar as vantagens comparativas de que Portugal dispõe.

É crucial aprofundar o potencial competitivo de sectores como a floresta, o mar, a cultura e o lazer, as indústrias criativas, o turismo e a agricultura, onde detemos vantagens naturais diferenciadoras. A redução do défice alimentar é um objectivo que se impõe levar muito a sério, tal como a remoção dos entraves burocráticos ao acesso da iniciativa privada à exploração económica do mar.

O futuro da economia portuguesa depende bastante da capacidade de acrescentar valor, de inovar e de incorporar mais conteúdo tecnológico nos nossos produtos. A interligação entre as empresas e os estabelecimentos de ensino superior e centros de investigação é da maior relevância.

Ainda no plano estrutural, é necessário garantir uma fiscalidade mais simples, transparente e previsível, melhorar a qualidade do investimento em formação e qualificação dos recursos humanos, assim como assegurar mais eficiência, credibilidade e rapidez no funcionamento do sistema de justiça. A justiça desempenha um papel crucial no desenvolvimento económico, como fonte de segurança e de previsibilidade, e funciona como referência para a captação de investimento internacional.


Senhor Presidente da Assembleia da República,
Senhoras e Senhores Deputados,

Na actual situação de emergência impõem-se, também, medidas de alcance conjuntural, que permitam minorar os efeitos imediatos da crise e criar o suporte económico e social necessário às transformações estruturais. Exige-se, em particular, um esforço determinado no sentido de combater o flagelo do desemprego.

A expectativa legítima dos Portugueses é a de que todas as políticas públicas e decisões de investimento tenham em conta o seu impacto no mercado laboral, privilegiando iniciativas que criem emprego ou que permitam a defesa dos postos de trabalho.

Por outro lado, é essencial valorizar o papel das empresas e do empreendedorismo, da mesma forma que se celebra, por exemplo, o sucesso dos nossos atletas na obtenção de títulos internacionais.

É importante reconhecer as empresas e o valor por elas criado, em vez de as perseguir com uma retórica ameaçadora ou com políticas que desincentivam a iniciativa e o risco. No actual contexto, são elas que podem criar novos empregos e dar esperança a uma geração com formação ampla e diversificada e que não consegue entrar no mercado de trabalho. São as empresas que podem dinamizar as exportações e contribuir para a contenção do endividamento externo. Não podemos assistir de braços cruzados à saída de empresas do nosso País. Pelo contrário, temos que pensar seriamente no que é que podemos fazer para atrair mais empresas.

O essencial do investimento rentável e virado para os sectores transaccionáveis vem das empresas privadas. Precisamos de valorizar, em particular, quem tem vontade e coragem de inovar e de investir sem precisar dos apoios do Estado.

É especialmente decisivo atrair os jovens para a iniciativa empresarial. O empreendedorismo jovem é hoje uma realidade em desenvolvimento no nosso país que deve ser apoiada para que surjam muitos mais casos de sucesso. Portugal precisa de uma nova vaga de empreendedores. Empreendedores com autonomia do poder político, que não esperem qualquer tipo de protecção ou de favores, cidadãos empenhados na qualidade e na inovação, dispostos a assumir riscos e a competir no mercado global.

Os nossos autarcas, que saúdo nesta ocasião solene, já compreenderam que o poder local adquiriu um novo perfil, a que correspondem novas exigências.

As autarquias podem assumir um papel fulcral na valorização da iniciativa empresarial, na criação de emprego e, genericamente, na resposta às dificuldades económicas e sociais das respectivas regiões.

Para além do contributo em iniciativas de apoio aos mais carenciados, tenho constatado que existe um número crescente de autarcas que estão a reorientar as suas prioridades para o tecido produtivo e para a valorização económica das suas regiões e dos seus recursos. Este é um caminho de futuro e também aquele que poderá ter um impacto mais rápido na economia nacional.

As iniciativas locais de emprego e os investimentos de proximidade são aqueles que podem produzir resultados de forma mais imediata e que melhor podem ser avaliados, reformulados ou reproduzidos.

Urge remover os obstáculos à reabilitação urbana, cujas potencialidades de criação de emprego e de promoção turística, embora há muito reconhecidas, permanecem em larga medida desaproveitadas.

Não podemos privilegiar grandes investimentos que não temos condições de financiar, que não contribuem para o crescimento da produtividade e que têm um efeito temporário e residual na criação de emprego. Não se trata de abandonar os nossos sonhos e ambições. Trata-se de sermos realistas.

As políticas activas de emprego desempenham também um papel importante no combate ao desemprego. A concertação social tem uma responsabilidade particular na definição de políticas de rápido efeito, avaliando resultados, corrigindo erros e servindo a criação efectiva de emprego.

A inovação e a incorporação de conteúdo tecnológico nos bens que produzimos são essenciais. Contudo, não podemos deixar de ver o potencial e a importância dos chamados sectores tradicionais. As vantagens competitivas adquiridas e aprofundadas por estes sectores, bem como a experiência que já têm do mercado internacional, não podem ser desaproveitadas nem vítimas de preconceitos. Estão em causa sectores tipicamente criadores de emprego, contribuintes positivos para a nossa balança externa e que são, além disso, elementos essenciais de coesão social e territorial.

Aumentar a eficiência e a transparência do Estado e reduzir o peso da despesa pública são prioridades não apenas de natureza estrutural, mas também conjuntural.

Realismo, avaliação rigorosa das decisões, justiça na distribuição dos sacrifícios e melhoria do clima de confiança são exigências impostas pelo presente, mas que devemos também às gerações futuras. O caminho é possível, mas não será fácil nem rápido.

Reitero a minha convicção de que está em causa um esforço colectivo. É importante, por isso, que Governo, Assembleia da República e demais responsáveis políticos assumam uma atitude inclusiva e cooperante, que seja também factor de confiança e de motivação para os nossos cidadãos. A estabilidade política é uma condição que deve ser aproveitada para a resolução efectiva dos problemas do País. Seria desejável que o caminho a seguir fosse consubstanciado num programa estratégico de médio prazo, objecto de um alargado consenso político e social.

Espero que todos os agentes políticos e poderes do Estado e os agentes económicos e financeiros estejam à altura das dificuldades do momento e dêem sentido de futuro aos sacrifícios exigidos aos Portugueses.

Da União Europeia devemos esperar não apenas que assegure a estabilidade e a sustentabilidade da Zona Euro, mas também que desenvolva uma estratégia comum e solidária que promova o crescimento, o emprego e a coesão.


Senhor Presidente da Assembleia da República,
Senhoras e Senhores Deputados,

A nossa sociedade não pode continuar adormecida perante os desafios que o futuro lhe coloca. É necessário que um sobressalto cívico faça despertar os Portugueses para a necessidade de uma sociedade civil forte, dinâmica e, sobretudo, mais autónoma perante os poderes públicos.

O País terá muito a ganhar se os Portugueses, associados das mais diversas formas, participarem mais activamente na vida colectiva, afirmando os seus direitos e deveres de cidadania e fazendo chegar a sua voz aos decisores políticos. Este novo civismo da exigência deve construir-se, acima de tudo, como um civismo de independência face ao Estado.

Em vários sectores da vida nacional, com destaque para o mundo das empresas, emergiram nos últimos anos sinais de uma cultura altamente nociva, assente na criação de laços pouco transparentes de dependência com os poderes públicos, fruto, em parte, das formas de influência e de domínio que o crescimento desmesurado do peso do Estado propicia.

É uma cultura que tem de acabar. Deve ser clara a separação entre a esfera pública das decisões colectivas e a esfera privada dos interesses particulares.

Os cidadãos devem ter a consciência de que é preciso mudar, pondo termo à cultura dominante nas mais diversas áreas. Eles próprios têm de mudar a sua atitude, assumindo de forma activa e determinada um compromisso de futuro que traga de novo a esperança às gerações mais novas.

É altura dos Portugueses despertarem da letargia em que têm vivido e perceberem claramente que só uma grande mobilização da sociedade civil permitirá garantir um rumo de futuro para a legítima ambição de nos aproximarmos do nível de desenvolvimento dos países mais avançados da União Europeia.

Esta é uma tarefa de todos, cada um tem de assumir as suas próprias responsabilidades. É essencial que exista uma união de esforços, em que cada português se sinta parte de um todo mais vasto e realize o quinhão que lhe cabe.

Necessitamos de recentrar a nossa agenda de prioridades, colocando de novo as pessoas no fulcro das preocupações colectivas. Muitos dos nossos agentes políticos não conhecem o país real, só conhecem um país virtual e mediático. Precisamos de uma política humana, orientada para as pessoas concretas, para famílias inteiras que enfrentam privações absolutamente inadmissíveis num país europeu do século XXI. Precisamos de um combate firme às desigualdades e à pobreza que corroem a nossa unidade como povo. Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos.

A pessoa humana tem de estar no centro da acção política. Os Portugueses não são uma estatística abstracta. Os Portugueses são pessoas que querem trabalhar, que aspiram a uma vida melhor para si e para os seus filhos. Numa República social e inclusiva, há que dar voz aos que não têm voz.

No momento que atravessamos, em que à crise económica e social se associa uma profunda crise de valores, há que salientar o papel absolutamente nuclear da família. A família é um espaço essencial de realização da pessoa humana e, em tempos difíceis, constitui o último refúgio e amparo com que muitos cidadãos podem contar. A família é o elemento agregador fundamental da sociedade portuguesa e, como tal, deve existir uma política activa de família que apoie a natalidade, que proteja as crianças e garanta o seu desenvolvimento, que combata a discriminação dos idosos, que aprofunde os elos entre gerações.

O exercício de funções públicas deve ser prestigiado pelos melhores, o que exige que as nomeações para os cargos dirigentes da Administração sejam pautadas exclusivamente por critérios de mérito e não pela filiação partidária dos nomeados ou pelas suas simpatias políticas.

A coesão entre as gerações representa um importante activo de que Portugal ainda dispõe. Os jovens não podem ver o seu futuro adiado devido a opções erradas tomadas no presente. É nosso dever impedir que aos jovens seja deixada uma pesada herança, feita de dívidas, de encargos futuros, de desemprego ou de investimento improdutivo.

O exemplo que temos de dar às gerações mais novas é o exemplo de uma cultura onde o mérito, a competência, o trabalho e a ética de serviço público sejam valorizados. Entre as novas gerações, Portugal dispõe de recursos humanos altamente qualificados. Se nada fizermos, os nossos melhores jovens irão fixar-se no estrangeiro, processo que, aliás, já começa a tornar-se visível.

É fundamental que a sociedade portuguesa seja despertada para a necessidade de um novo modo de acção política que consiga atrair os jovens e os cidadãos mais qualificados. O afastamento dos jovens em relação à actividade política não significa desinteresse pelos destinos do País; o que acontece, isso sim, é que muitos jovens não se revêem na actual forma de fazer política nem confiam que, a manter-se o actual estado de coisas, Portugal seja um espaço capaz de realizar as suas legítimas ambições. Precisamos de gestos fortes que permitam recuperar a confiança dos jovens nos governantes e nas instituições.

Seria extremamente positivo que os jovens se assumissem como protagonistas da mudança, participando de forma construtiva, e que as instituições da nossa democracia manifestassem abertura para receber o seu contributo. A geração mais jovem deve ser vista como parte da solução dos nossos problemas.

Numa sociedade que valoriza o mérito, a educação é o elemento-chave da mobilidade social. Aqueles que dispõem de menores recursos, mas que revelem méritos e capacidades, têm de ser apoiados, para que não se aprofundem situações intoleráveis de desigualdade entre os Portugueses.

Temos de despertar toda a sociedade para a importância do investimento na excelência da nossa educação. Todos os estabelecimentos de ensino que se destaquem pelos seus resultados têm de merecer o reconhecimento da sociedade e do Estado. Só assim se cumprirá o ideal de premiar o mérito que norteou a nossa República centenária.


Senhor Presidente da Assembleia da República,
Senhoras e Senhores Deputados,

Ao tomar posse como Presidente da República, estou firmemente convicto de que existem razões de esperança para o nosso País.

Ao longo da sua História, Portugal viveu dificuldades e, com coragem, determinação e vontade de vencer, foi capaz de ultrapassá-las.

Logo a seguir à revolução do 25 de Abril, a sociedade civil deu uma prova excepcional da sua vitalidade na forma como acolheu, sem convulsões, quase um milhão de Portugueses que regressaram de África, em condições extremamente difíceis. Graças ao apoio das famílias e de diversas instituições, a sua integração no País processou-se sem sobressaltos de maior, apoiada naquela que é uma das melhores qualidades do nosso povo: a capacidade que revela para, nas horas difíceis, dar provas de um espírito de solidariedade e de entreajuda que é absolutamente extraordinário. Esse espírito é nosso, é único, é o espírito de Portugal.

Todos os dias, encontramos esse espírito solidário nas diversas campanhas de apoio aos mais desfavorecidos. Os jovens participam nessas campanhas como voluntários, aos milhares. Sem nada pedirem em troca, sem pensarem em cargos ou proveitos para si próprios. Aos jovens, que nos dão tantas lições de vida, quero deixar aqui, neste dia, o testemunho da minha admiração mais profunda.

Temos jovens talentosos que ombreiam com os melhores do mundo, em inovação empresarial, em qualidade académica e científica, em criatividade artística e cultural. Há uma nova geração que ganha sucessivos prémios nas mais diversas áreas da investigação, que assume papéis de liderança nos mais variados projectos, que participa com grande entusiasmo e admirável generosidade em acções de voluntariado social ou nas campanhas de defesa do ambiente.

Os nossos jovens movem-se hoje à escala planetária com uma facilidade que nos surpreende. Cidadãos do mundo, familiarizados com as novas tecnologias e a sociedade em rede, dispõem de um capital de conhecimento e de uma vontade de inovação que são admiráveis.
Muitos dos académicos, investigadores, profissionais de sucesso e jovens empresários que trabalham no estrangeiro aspiram a regressar ao seu país, desde que possuam condições para aqui fazerem florescer as suas capacidades. Temos de aproveitar o enorme potencial desta nova geração e é nela que deposito a esperança de um Portugal melhor.


Foi especialmente a pensar nos jovens que decidi recandidatar-me à Presidência da República. A eles dediquei a vitória que os Portugueses me deram. Agora, no momento em que tomo posse como Presidente da República, faço um vibrante apelo aos jovens de Portugal: ajudem o vosso País!

Façam ouvir a vossa voz. Este é o vosso tempo. Mostrem a todos que é possível viver num País mais justo e mais desenvolvido, com uma cultura cívica e política mais sadia, mais limpa, mais digna. Mostrem às outras gerações que não se acomodam nem se resignam.

Sonhem mais alto, acreditem na esperança de um tempo melhor. Acreditem em Portugal, porque esta é a vossa terra. É aqui que temos de construir um País à altura das nossas ambições. Estou certo de que, todos juntos, iremos vencer.

Obrigado.


Talvez porque o discurso foi assertivo com quem nos trouxe a este ponto, a esquerda e o PS estão em pânico e a mostrar o pior que costumam manifestar nestas alturas: a sobranceria e distância do país real.

Hoje, estou certo, começou um novo dia para Portugal.

2011/03/05

Porto canal mais azul... e branco!



A notícia surgiu ontem e foi o concretizar de um longo período de ponderação do FC Porto sobre como avançar com um canal de televisão.

E, novamente, surpreendeu.

Porque não fez o que a maioria dos canais faz, que é criar um canal do clube que apenas emite jogos do clube 24 horas por dia, treinos e debates entre confrades que nada debatem por isso mesmo.

Antes preferiu aliar-se a um canal generalista e assim aprofundar na sua programação o pendor portista sem nunca descurar o facto de ser, sempre, um canal generalista. É verdade que é regional, quase local. Mas o que interessa aqui é a ideia e a atitude.

Porque, como disse Pinto da Costa em comentário ao facto, "este é o primeiro passo de uma acção que serve para beneficiar o nosso clube e reanimar este Norte que está moribundo por vontade dos sulistas e de alguns nortenhos com os olhos postos na capital". Realço a parte do Norte moribundo por vontade dos sulistas e de alguns nortenhos com os olhos postos na capital. Porque estes têm sido, de facto, os piores de todos. Aqueles que deslumbrados com as luzes da capital rapidamente renegaram e esqueceram as suas raízes, as suas tradições e, pior, as necessidades dos que os colocaram na capital.

2011/03/04

Descendentes...

Do meu grande amigo António Carvalheira, com quem me cruzei em Angola e de onde nasceu uma boa amizade, daquelas que ficam, recebi um email que explica bem a nossa sina hoje em dia...

Aqui fica.

DESCENDENTES LUSOS
Por: Paulo Espírito Santo



Era no tempo em que, no palácio das Necessidades, ainda havia ocasião para longas conversas (mas podia passar-se hoje...). Um jovem diplomata, em diálogo com um colega mais velho, revelava o seu inconformismo. A situação económica do país era complexa, os índices nacionais de crescimento e bem-estar, se bem que em progressão, revelavam uma distância, ainda significativa, face aos dos nossos parceiros. Olhando retrospetivamente, tudo parecia indicar que uma qualquer "sina" nos condenava a esta permanente "décalage". E, contudo, olhando para o nosso passado, Portugal "partira" bem:

- Francamente, senhor embaixador, devo confessar que não percebo o que correu mal na nossa história. Como é possível que nós, um povo que descende das gerações de portugueses que "deram novos mundos ao mundo", que criaram o Brasil, que viajaram pela África e pela Índia, que foram até ao Japão e a lugares bem mais longínquos, que deixaram uma língua e traços de cultura que ainda hoje sobrevivem e são lembrados com admiração, como é possível que hoje sejamos o mais pobre país da Europa ocidental.

O embaixador sorriu, benévolo e sábio, ao responder ao seu jovem colaborador:

- Meu caro, você está muito enganado. Nós não descendemos dessa gente aventureira, que teve a audácia e a coragem de partir pelo mundo, nas caravelas, que fez uma obra notável, de rasgo e ambição.

- Não descendemos? - reagiu, perplexo, o jovem diplomata - Então de quem descendemos nós?

- Nós descendemos dos que ficaram por aqui...

2011/03/03

Empreenda, por favor

"Empreenda por favor!" dizem eles e, se calhar, com razão!



Com origem no programa de televisão "A cor do dinheiro" de Camilo Lourenço na RTPN, surgiu um movimento que visa aumentar o "empreendedorismo", palavra que deriva da inglesa bem mais complexa "entrepeneurship", o acto de empreender, do individuo que por sua iniciativa arranca com o seu negócio, por vezes inovador.

Nos tempos que passam, em que o desemprego atinge níveis assustadores (11,2% no último mês) e em que as condições para as empresas contratarem e expandirem o quadro não são as ideais, esta parece ser a única e mais lógica solução para resolver o problema.

Assisti ontem, durante todo o dia, na ANJE, um dos mais activos e antigos pólos de difusão do empreendedorismo, a uma das várias conferências que estão a levar a vários pontos do país. E foi muito interessante, ouvir falar de financiamentos, hipóteses de mercado, planos de negócios, histórias de empreendedores, as dificuldades que se enfrenta. Faz, no mínimo, pensar que há sempre mais uma alternativa viável para explorar.

Na internet há imensa informação sobre o assunto (no meu Google fazer a pesquisa sobre empreendedorismo devolveu mais de 4.220.000 resultados...) mas, para além dos links que já coloquei no texto, destaco ainda este Guia do Empreendedorismo da ANJE e o site do IAPMEI com imensas informações úteis para o assunto, desde a constituição de empresas até aos financiamentos disponiveis.

2011/03/01

Já a pensar em 2011/12

1.2.3.

O FC Porto, que por esta altura está prestes a assegurar um lugar na Liga dos Campeões da próxima época (independentemente de ganhar o campeonato ou não, visto que tem 26 pontos de vantagem sobre o 3º lugar e só há 27 em disputa, basta este fim de semana ganhar para assegurar um dos dois primeiros lugares e o consequente apuramento para a LCE) parece estar já claramente voltado na organização do plantel da próxima época.

Depois de ter assegurado Djalma (Marítimo) a custo zero, de ter comprado Iturbe e Kelvin, jovens revelações argentinas e brasileiras de 18 anos que já fazem furor na América do Sul, hoje surge a notícia de também Silvio e Lima (ambos do Braga) terem-se já comprometido para a próxima época. Se a estes juntarmos ainda a mais que previsível entrada de Kléber (também do Marítimo) então teremos já 4 dos habituais 10 jogadores que entram por época.

Claramente que tal se deve à estabilidade que esta época a equipa atingiu muito cedo, também à custa do mau arranque de época dos adversários. Mas estou confiante que, ainda havendo muitos jogos pela frente e competições com largos objectivos a vencer, é muito bom estarmos já focados no que vai ser o FC Porto da próxima época, coisa que os adversários não podem ainda fazer...

1. Silvio e Lima
2. Djalma
3. Kléber