2013/01/28

Os arquitectos, a OA e o Governo

Ao ler a entrevista que o presidente da OA deu ao Expresso este fim de semana, fiquei espantado com o título: "Os arquitectos estão zangados com o Governo"!

De facto, é preciso ter lata para vir dizer uma coisa destas - mais palavra, menos palavra, que nisto dos títulos os jornalistas são, vá lá, muito "criativos" - ou então estar alheado da realidade.

Os arquitectos andam zangados? Sim. Mas muito mais consigo, caro colega, do que com o Governo. Em especial, este, que levou com um país-bomba na mão e que tem agora de resolver o problema dos arquitectos (e, já agora, de outras classes profissionais do sector) que os anteriores Governos e as Ordens (não exclusivamente a dos Arquitectos) criaram ao longo dos últimos 10 a 20 anos entre tantos outros e se calhar tão ou mais urgentes problemas...

Porque estaria eu zangado com este Governo se o problema já vem muito antes dele? Não emigrei eu já em 2006? Porque razão o fiz? Para ir conhecer as praias de Angola? Não me parece... Terá sido, isso sim, porque a crise já se notava no sector da construção, logo no sector dos serviços de arquitectura. E em 2008 alastrou ao sector do imobiliário, com os bancos a deixarem de financiar a compra e a aumentarem os juros e spreads progressivamente, dando assim a machadada final no sector. Que fez a OA neste anos? Zzzzzzzzzzzzz...

É certo que os arquitectos gostaram de Sócrates - ou, mais concretamente, é certo que cerca de 100 arquitectos e os seus ateliers gostaram da "festa" das escolas de Sócrates e da Maria de Lurdes - mas isso apenas veio ajudar os maiores gabinetes a manterem-se abertos, porque dos pequenos, como eu, que trabalho "a solo" ou em pequenas parcerias, nem migalhas... Mas, como ficou demonstrado nas audições parlamentares à "festa" da Parque Escolar, isso foram cerca de 100 escritórios de arquitectura que beneficiaram no país todo. Dando de barato que cada um tem 2 arquitectos, seriam pouco mais de 200 arquitectos pela "festa". Sabendo que há cerca de 20.000 inscritos na OA, isso representa uns meros 1% dos associados. Os outros 99%, ficaram a assistir e a pagar a "festa" com os nossos impostos...

Aos anos que se sabe que há arquitectos a mais.

Em 1996, quando eu me licenciei, recebi o número 6574. Hoje já ultrapassam os 20 mil (penso que até já são mais de 22 mil inscritos). À época, meados dos anos 90, havia trabalho para todos e havia sítios do país com poucos ou nenhuns arquitectos. Mas por volta do ano 2002 as coisas começaram a piorar - crises económicas iniciaram com o Governo de Guterres (quem não se lembra da criação do Pagamento por Conta da Manuela Ferreira Leite e do país de tanga de Durão Barroso?) e aprofundaram-se ao longo da década seguinte, apenas camuflada pelo investimento público (selectivo, como vimos atrás) promovido em particular pelo Governo de Sócrates. Julgo, por isso, que o número ideal de arquitectos para Portugal deverá rondar os 10 mil, cerca de 0,1% da população do país. Pelo menos, a uma média de 800 arquitectos por ano que foram saindo das universidades, esse deveria ser o número de arquitectos que havia por volta do ano 2000, quando todos tinham trabalho e, apesar de não sermos muito bem pagos, sobrevivíamos.

E que fez a OA quanto a esse assunto? Dificultou o acesso à Ordem com mais exames e cursos, mas nada fez quanto à proliferação de cursos de Arquitectura. E que fizeram os Governos? Autorizaram a abertura de mais cursos e mais vagas em Arquitectura. (Em comparação, o que diz a Ordem dos Médicos sobre novos cursos e mais vagas? Não...)

Agora, o presidente da OA vem dizer que os arquitectos andam zangados com o Governo.

É evidente que ninguém, arquitecto ou não, está satisfeito com o que se passa. Mas tão evidente quanto isso é que o Governo não tem, neste momento, dinheiro para nos pôr a trabalhar, directa ou indirectamente - isto é, lançando obras públicas ou financiando/comparticipando obras particulares. Por isso é um absurdo achar que este Governo tem de resolver, já, o problema que os anteriores Governos - com a CUMPLICIDADE e PARCERIA da OA - criaram.

É evidente que o mundo onde vive o presidente da OA é outro. Quanto mais não seja, as senhas de presença que receberá enquanto presidente da OA (34.545,00€, segundo o Orçamento da OA para 2012) devem ser superiores ao que 90% dos arquitectos portugueses auferem num ano de trabalho normal. Mas, pelo menos, pedia-se ao presidente menos frases baratas, menos frases feitas e muito mais actividade: por exemplo, fechando a "torneira" das universidades (assunto sobre o qual não me lembro de ver ou ouvir a OA dizer nada há muito tempo) e actuando mais em parceria com o Governo de forma a exportar o nosso sector de serviços - exportar mesmo, não como fazem alguns dos grandes nomes da arquitectura portuguesa que numa entrevista dizem estar cheios de trabalho "lá fora" e ao mesmo tempo dizem que estão a ponderar encerrar os gabinetes em Portugal por não terem trabalho, sinal de que o serviço de "lá de fora" não é feito cá em Portugal, logo não há exportação de serviços, há execução de trabalhos em filiais estrangeiras, sediadas noutros países e, provavelmente, com arquitectos estrangeiros a trabalharem lá - como forma de aumentar a autonomia e rentabilidade dos arquitectos em Portugal.

É que reconhecer que não há dinheiro no Governo para as obras e achar que se pode encomendar os projectos ("não custa mais de 3% ou 4%" do valor da obra) é de quem não tem consciência de como as coisas funcionam... Os projectos fazem-se quando há uma obra a fazer, a obra faz-se a partir de uma necessidade específica de um determinado momento - e mesmo assim, entre o momento em que o projecto é feito e o momento em que a obra começa, esse espaço de tempo é o bastante para se alterar, por vezes radicalmente, o projecto, imagine-se então o que seria fazer um projecto hoje para uma obra que poderia vir a ser executada apenas daqui a 5 anos: a legislação do sector profissional onde se insere a obra pode mudar, o PDM do local pode mudar, as necessidades espaciais podem mudar (por exemplo, prever uma escola para 2000 alunos e depois, devido às migrações, ter apenas 1000 alunos...) e tudo pode mudar! Foi assim que este país chegou a este ponto de pré-falência: a atirar dinheiro para cima da fogueira dos problemas; queimado o dinheiro, o problema mantém-se! É inadmissível que o presidente da OA venha dizer estas coisas em público. Nestes momentos, tenho quase tanta vergonha de ter um presidente assim como muitos advogados têm de ter um bastonário como o deles...

Perdoem-me este desabafo que já vai longo, mas ler este tipo de discurso por parte de quem é parte do problema e nada faz para encontrar soluções, tira-me do sério! O que vale é que, a ver pela reacção nas redes sociais, não sou o único a pensar assim - diria mesmo mais, o presidente da OA é que é a ilha no meio do oceano...

2013/01/20

A grande mentira, a queda de um campeão

A assunção do uso do dopping como elemento fundamental para vencer as 7 voltas à França "matou" um dos grandes ídolos mundiais não só do ciclismo, mas do desporto em geral.

A minha geração habituou-se a seguir a Volta em França, em particular, como um dos momentos desportivos altos do ano. E foi com emoção que vimos Greg Lemond, Miguel Indurain e Lance Armstrong dominar o Tour anos a fio. Trepar os Alpes e os Pirinéus como nenhum outro o fazia.

A queda de Lance Armstrong
É certo que o dopping sempre foi falado nesse desporto, mas com o passar dos anos o cerco foi-se apertando e começaram a rarear os casos entre os grandes nomes. Sinal de que a modalidade estava a limpar-se e eram super-homens que pedalavam, assim pensei eu.

Afinal, agora percebemos que os super-homens eram artificiais. O homem que nunca havia acusado nada, revelou que sempre usou produtos para vencer - é certo e percebo que a coisa era generalizada e quem andava no pelotão (e pelo visto não era só no da frente) usava o dopping como forma de melhorar as suas performances. Mas mesmo assim, há aqui algo que morreu na forma como agora vejo os feitos que esses homens alcançaram.

E o pior, como bem coloca o Público, é a pergunta que fica: "E agora, Lance, como podemos voltar a acreditar num campeão"?

De facto, depois disto, não é só o ciclismo que sai abalado. Também o ténis, o andebol, o basquetebol e, porque não, o futebol, entre outros desportos, saem descredibilizados. Tantos controlos são feitos nestas modalidades, como eram no ciclismo, e descobre-se agora isto. E fica por isso a dúvida no ar... Lamentável!

2013/01/15

O que tu queres sei eu... [VIII]

Um print screen do post de José Lello, para não haver dúvidas...
José Lello falou. Ou melhor, escreveu. E isso é quase sempre um acontecimento, porque quando ele fala (ou escreve) normalmente sai borrada. Das grandes.

Desta vez, a propósito da ADSE. Ele é contra o fim desse sistema de saúde privilegiado. Normal, como todos os PS's, é contra tudo o que for alterar o que quer que seja que esteja instituido - são situacionistas até à medula dos ossos, já que de saúde se trata.

O que não é normal é as razões dessa sua opção - ser contra alterar ou acabar com a ADSE. Segundo opinou ele no seu Facebook, a principal razão é que a "maioria dos funcionários públicos são eleitores do PS" e por isso há que ter cuidado com as opiniões onde se "malha" nos funcionários públicos...

Ou seja: primeiro o poder, depois o PS, depois os amigos que votam PS e depois, talvez, o país...

O que tu queres sei eu...

2013/01/13

É hoje!

Visita ao "nosso" Salão de Festas!


A decoração e o espaço do evento são fracos, mas fazem-se lá festas de arromba...

2013/01/11

Bolo de Claras (e de chocolate)

Este bolo permite aproveitar os restos de claras que vamos acumulando no frigorifico e permite fazer um bolo muito bom, leve, fofo e húmido. Receita simples e rápida de fazer. A receita é com 4 claras, mas eu ampliei para 6 de forma proporcional.


Ingredientes:
4 claras
125g de açúcar
70g de farinha e fermento q.b.
40g de manteiga
1 colher de sopa de cacau
½ copo de leite

(versão ampliada)
6 claras
187,5g de açúcar
105g de farinha e fermento q.b.
60g de manteiga
1,5 colheres de cacau
¾ copo de leite


Preparação: 
Bate-se as claras em castelo e reservam-se.
Derrete-se a manteiga no micro-ondas e junta-se esta ao açúcar, farinha e cacau, batendo bem.
Junta-se então o leite e por fim incorporam-se as claras em castelo.
Prepara-se a forma, untando com margarina e polvilhando com farinha e enche-se.
Vai ao forno, na posição mais baixa, previamente aquecido a 180º C, por cerca de 45/50 minutos.

O que tu queres sei eu... [VII]

Mais uma vez o PS insinua que quer voltar ao poder. Tem boas razões para isso: impedir que não acabem com tudo o que de mau para o país fizeram entre 2006 e 2011 e evitar, no caso do seu líder, que caia no Verão antes de cair o Governo: PS sugere que Passos deve provocar eleições antecipadas!

Vergonha na cara é o que falta a muita boa gente. Consta que a Glória até fez um brinde quando o Junqueiro disse esta barbaridade!

Pois, pois... o que tu queres, sei eu!

2013/01/09

Momento de Glória

Ou o momento da Glória!

Esta senhora é deputada à Assembleia da República desde 2005. Há mais de 7 anos. Vai no seu terceiro mandato, depois das eleições de 2005, 2009 e 2011. E no entanto só hoje se tornou conhecida do grande público. E não pelos melhores motivos.

Não por uma intervenção no plenário - coisa que não me lembro de a ver fazer, apesar de seguidor da política e até espectador ocasional do canal Parlamento - nem pela sua actuação política no Parlamento ou no seu ciclo de eleição do Porto ou até no seu partido, o PS.

O momento de glória da Glória foi atingido porque, para festejar o seu 37º aniversário resolveu conduzir completamente embriagada, sendo (benditamente!) apanhada numa operação STOP com 2,41g de alcóol no sangue. Excelente! E para melhorar a história, ela faz parte da Comissão de Ética da AR (piada fácil: de ética ou de etílica?) e, segundo o Público noticia, "já participou até em acções sobre a segurança na estrada, como a Comissão Interparlamentar da Segurança Rodoviária (Setembro de 2008) e um encontro com empresários em Lousada para debater a Estratégia Nacional para a Segurança Rodoviária (Março de 2009)".

E demitir-se agora, não?, sr.ª deputada? Era uma boa prenda... um brinde e muitos parabéns!

2013/01/08

Bola de Ouro 2012

Foto O Jogo
A FIFA decidiu atribuir a 4ª Bola de Ouro consecutiva a Messi. A FIFA ou quem votou. O que é facto é que Messi está a construir um estatuto mitico, ao nível dos melhores de sempre.

Falta, quanto a mim, que Messi faça duas coisas ainda: que vença um campeonato pela Argentina (obrigatório) e que continue a ser um grande jogador noutro clube, noutro campeonato (preferencialmente) para que possa ser equiparado a Pelé e Maradona.

Até lá, ele será o melhor da sua geração, acompanhado de perto por Ronaldo. Mas terá de provar algo mais. Até porque este ano, a sua vitória, parece derivar mais do seu estatuto adquirido do que das vitórias conquistadas (nenhumas, com expecção do título de melhor marcador do ano). Ao contrário, Ronaldo também marcou "horrores" e ainda conseguiu vencer a Liga Espanhola e levar Portugal às costas às meias finais do Europeu. Talvez não fosse injusto também se Ronaldo ganhasse o troféu - mas julgo que a sua personalidade mais marcantes jogou contra ele em comparação com a humildade envergonhada de Messi, este ano: Ronaldo ama-se ou odeia-se.

Já nos treinadores, apesar de achar que Mourinho é o melhor, acho justa a vitória de Del Bosque, campeão mundial e europeu, depois de ter ganho (quase) tudo no seu Real Madrid. Mourinho ganhou a Liga Espanhola e quebrou, momentaneamente, a hegemonia do Barcelona. Mas Del Bosque tem vindo a fazer um trabalho fantástico na selecção e é justo ver reconhecido isso mesmo este ano.

2013/01/01

2013, o ano da esperança

Esperança num ano melhor profissionalmente, politicamente e academicamente.

Profissionalmente, porque a minha área profissional atravessa a mais grave e longa crise desde o 25 de Abril, que se reflecte de forma dramática no trabalho disponível para mim e para todo o sector. Espero que 2013 seja o ano do turn-over, tenho esperança que o sector vai começar a recuperar.

Politicamente, porque acredito que este será o ano de viragem política na CM Guimarães, quando em Outubro o André Coelho Lima vencer as autárquicas. Este é um combate no qual estou envolvido há já 16 anos, desde as autárquicas de 1997 e que tenho esperança de ver o sonho concretizado porque nunca, nestes 16 anos, esteve tão bem preparado o PSD para vencer este município - tem uma equipa coesa e tecnicamente válida e preparada, um conjunto de ideias e ambições para Guimarães e  capacidade de gerir os desafios do futuro que se vão colocar.

Academicamente, terminando o mestrado que comecei no fim de 2011 e que, tenho esperança que me abre novas portas, janelas de oportunidade para o futuro mais próximo, se não em Portugal, que seja em Macau...

Espero que seja um ano cheio de coisas boas, saúde e optimismo, porque para coisas más, derrotismo e desesperança já nos bastou 2012...